Objeções sobre a Diversidade Protestante.
De fato, existem milhares de "denominações" protestantes espalhadas por todo o mundo assim como existem outras milhares de igrejas, paróquias, basílicas e outras mais tantas congregações católicas, ortodoxas e anglicanas. Contudo, os católicos romanos em diversos blogues, comunidades, sites e fóruns de discussão, usam sempre como válvula de escape uma ampliação por demais indevida quanto a estes dados. Chegam ao cúmulo de apontar uma suposta existência de milhares de denominações protestantes como argumento contra a validade do protestantismo, apontando números que passam dos 30 mil. Com isto, fazem uma tremenda confusão entre "placas", confissões e tradições, e não entendem a distinção entre divergência operacional e divergência doutrinária.
Os católicos argumentam que a diversidade de denominações seria evidência de que não há unidade no protestantismo, e que por isso, o próprio principio de Sola Scriptura põe em dúvida a validade do protestantismo, pois segundo eles:
"Como que todas essas 20 mil denominações afirmam seguir a Bíblia mas todos chegam a conclusões diferentes? Como eu poderia saber qual delas ensina a verdade, se eles não conseguem concordar sobre o que a Bíblia diz?"
"Se há apenas uma Igreja, por que há mais de 30 mil denominações protestantes, em comparação com apenas uma Igreja Católica?"
"A Bíblia por si só pode ser perigosa. Na verdade, somente a Bíblia é perigosa. Olhe para o protestantismo: 100 mil interpretações diferentes da Bíblia, 100 mil contradições, 100 mil diferentes denominações que afirmam ter a verdade."
"Pedro disse que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Mas no protestantismo você vê mais de 30 mil denominações protestantes diferentes, e todos interpretam de forma diferente uns dos outros. Isso por si só, já é um indício de que o protestantismo não é a verdadeira Igreja de Jesus Cristo."
O argumento principal destas objeções sugere que, devido a grande multiplicidade de denominações protestantes, "mais de 30 mil?", tais igrejas não podem reinvidicar uma representação autêntica como verdadeira Igreja posto que tais denominações diferem umas das outras sob o mesmo princípio de sola scriptura, resultando em tantas interpretações divergentes de várias partes das Escrituras o que por sua vez, invalida as pretensões de unidade no protestantismo.
Contudo inicialmente o que podemos perceber é que há uma deturpação leviana e exagerada não só quanto ao número apontado mas também quanto ao que protestantes entendem como unidade e ao que seria de fato estas ditas denominações protestantes apontadas nesta contabilidade católica. Para além disto, protestantes jamais proporam que qualquer denominação em particular seja a "representação autêntica da verdadeira Igreja". Isso é algo a que os católicos estão presos, não os protestantes. Em termos gerais, os protestantes se importam principalmente com qual igreja ou denominação é mais fiel à pregação e ao ensino das Escrituras. Protestantes não olham para as igrejas para avaliar qual é a única igreja verdadeira; em vez disso, olhamos para as Escrituras, daí então decidimos qual igreja ou igrejas são fiéis à ela.
Também é necessário observar que muitas das denominações apontadas por católicos sequer tem qualquer vínculo histórico ou doutrinal com o protestantismo, e por isso é de uma extrema desonestidade e arrogância polêmica querer misturar todos no mesmo movimento protestante iniciado no século 16. Portanto o que é preciso refutar nestas alegações romanistas são 3 objeções que surgem no argumento deles.
- Primeiro... A existência de mais de 30 mil denominações protestantes;
- Segundo...a suposição de que o principio de sola scriptura se invalida pelo fato de existirem diversas denominações protestantes;
- Terceiro... o padrão distorcido acerca da unidade que o argumento católico propõe.
Objeção 1.
30 mil denominações protestantes.
A World Christian Encyclopedia, de David A. Barrett - publicada pela Oxford University Press, edição de 1982 é a referência usada como fonte pelos católicos para supor tais números. Em sua primeira edição, David Barrett, cita um número de 20.780 denominações cristãs no mundo inteiro. No entanto ele não se refere a todas essas denominações como sendo protestantes. De acordo com a primeira edição de 1982, os protestantes representam 8.196 do total de denominações, isso há mais de 20 anos, enquanto os católicos romanos respondem por 223. Essa conta é feita de acordo com dados coletados a partir de meras diferenças operacionais em regiões distintas. Já na segunda edição publicada em 2001 e feita pelo mesmo David Barrett juntamente com George Thomas Kurian e Todd M. Johnson, a World Christian Encyclopedia identifica 10.000 religiões no mundo e dentro do Cristianismo, ele conta 33.820 denominações.
Os dados referentes a mais de 30 mil denominações tratam-se de denominações cristãs no mundo inteiro, e não apenas no Protestantismo. De acordo com a Enciclopédia Cristã Mundial de Barrett, o mundo cristão consiste em 6 grandes blocos eclesiástico-culturais, divididos em 300 grandes tradições, composto por mais de 33.000 denominações distintas em 238 países. Do numero de 33 mil denominações, Barrett calcula o que seriam 9 mil denominações protestantes espalhadas no mundo inteiro em 2001. Ou seja, 9 mil denominações entre todos os países que somam portanto cerca de um punhado de grupos que seriam mesmo protestantes. (Considerando os dados de Barrett que calcula cerca de 237 países).
O restante da soma, são de grupos independentes que chegam a 22 mil, ou seja, a maior parte por exemplo, são igrejas sem qualquer vínculo com nenhuma confissão protestante, católica ou ortodoxa mas que saíram destes, ou convergem a estes. A Enciclopédia ainda enumera, 242 denominações ligadas ao catolicismo romano e mais 781 aos ortodoxos, e anglicanos contando com 168. Ou seja, como a Igreja católica tem uma igreja em cada país, temos em todo o mundo... 234 igrejas católicas mais algumas ramificações ligadas a ela. Assim também com os ortodoxos e anglicanos que contam com suas representações em alguns países. Ou seja, o calculo de Barrett se baseia em representações gerais em cada país e em diversidades operacionais como no catolicismo...:
Também classificadas como independentes, temos as neo-pentecostais Universal, Mundial, Renascer, Igreja da Graça, Plenitude e até comunidades formadas por "pastores" ligados a seus fiéis, apenas por programa de rádio ou televisão. Ainda temos neste bloco, grupos unicistas, sionistas, kardecistas e outros que dificilmente poderíamos apontar como sendo protestantes.
O numero de denominações classificadas como "marginais" ou do "cristianismo de fronteira", são as chamadas SEITAS por não serem reconhecidas por nenhum dos 3 primeiros ramos da cristandade além do fato de negarem diversas doutrinas reconhecidamente cristãs. Essas ditas"seitas", chegam a 1600. São elas as Testemunhas de Jeová ou russelitas com 11 milhões de membros(dados de 1995), Mórmons com 8 milhões de membros(dados 1995), grupos da ciência cristã ou cultos da "ciência da mente", grupos Unitárianos, Universalistas( pregam que até o diabo será redimido e que não existe inferno), e há ainda pequenos grupos de gnósticos cristãos e outros contando com cerca de 1 milhão de seguidores.
Agora, quanto ao numero de 9 mil denominações protestantes o cálculo é feito com base na jurisdição nominal e regional, pois Barrett define "denominações distintas", como qualquer grupo que possa ter uma ênfase um pouco diferente do outro grupo ao invés de diferentes crenças e práticas, no caso, a distinção é nominal, regional ou de acordo com a ênfase que se dá a determinado tema, mas não confessional, pois ao se fazer a contagem de acordo com crenças, doutrinas, e práticas, Barrett então passa a dividir o bloco protestante em não mais que 21 "tradições" que seria o que nós geralmente chamamos de "confissões denominacionais". Os católicos romanos por exemplo, são contados na Enciclopédia com 223(ano 1986) a 242 (2001) denominações. Mas, ao se reduzir a contagem comparando as confissões, ordens, ritos e o fato da maioria destes ser submisso ao papado, o catolicismo romano então é subdividido apenas em 16 ditas "tradições" ou confissões, o que seriam no caso, divergências doutrinárias ou operacionais.
Fica então demonstrado que o alegado numero de 33 mil ou mais denominações protestantes, não passa de um péssimo exagero dos católicos que pra piorar, não checam as fontes de suas próprias alegações.
O interessante desta fonte como já observado, são os cálculos que ela faz acerca das mortes causadas por grupos cristãos, sendo o catolicismo romano responsável pela maior fatia, cerca de 5 milhões de mortes tomando como marco um período desde muito antes da inquisição.
Objeção 2.
O principio de sola scriptura se invalida devido a multiplicidade denominacional
Isto é facilmente refutado pelo fato de que, além do numero citado ser exagerado, TODAS AS GENUÍNAS DENOMINAÇÕES PROTESTANTES tem as mesmas conclusões e convicções teológicas e fundamentos doutrinários derivados da SOLA SCRIPTURA que são as principais distintivas de um verdadeiro cristão.
Por exemplo, no grupo de tradições protestantes, podemos contar, Luteranos, Presbiterianos, Batistas, Adventistas, Assembleanos, Quadrangulares, Metodistas ou Wesleyanos, Congregacionalistas, e Pentecostais Tradicionais alem de outros. Mas, quanto as principais crenças que definem um cristão protestante, não há divergência alguma, ambos supra-citados concordam no que compete a:
- Divindade de Cristo;
- Trindade;
- Autoridade das Escrituras;
- Suficiência de Cristo quanto a nossa salvação.
- Juízo Final, Condenação, Vida Eterna.
- Necessidade do Batismo;
- Igreja como organismo e não como organização;
- Existência de Anjos e Demônios;
- Arrebatamento e Retorno de Cristo;
- Culto exclusivo a Deus;
- Canon de 66 livros da Bíblia;
- Pecado original;
- Importância da Ceia ministrada aos membros;
- Sacrifício de Cristo na Cruz em nosso resgate pra nos salvar, libertar, lavar, batizar, confirmar e nos levar para o céu.
Até mesmo outras denominações incluídas no bloco de "independentes" como algumas igrejas neo-pentecostais, aderem aos pontos doutrinários acima. Estas são as convicções baseadas no sola scriptura que todo protestante confirma como sua fé, seja ele Batista, ou Presbiteriano, Pentecostal ou Metodista. Qualquer um destes grupos não vê necessariamente qualquer problema em recomendar uns aos outros como igreja. Neste caso, a principal diferença óbvia seria se um é credobatista ou pedobatista, mas batistas reformados e presbiterianos reformados não quebrariam a comunhão por esta questão. Tanto batistas reformados quanto presbiterianos reformados podem e prontamente reconhecem que o outro é fiel ao Evangelho de Jesus Cristo e não têm problema em frequentar as igrejas uns dos outros.
O desonesto portanto é querer empurrar adeptos do mormonismo, russelismo e gnosticismo como protestantes, pois estes não consideram o sola scriptura de fato e verdade. Na verdade sequer consideram os genuínos protestantes como cristãos, são exclusivistas tanto quanto a Igreja de Roma e assim como ela, fazem de sua organização seu verdadeiro guia infalível, e não as Escrituras.
Portanto, não há como incluir em uma lista de igrejas que mantêm e praticam o sola sciptura, as igrejas que acreditam em revelação contínua, ou igrejas que consideram a sua organização a ser o único verdadeiro guia no mundo e detentora da verdade, pois Sola Scriptura não apoia isto e esse foi o que deveras se combateu no inicio da reforma protestante. Para além disso, a maioria das divergências entre protestantes, tem haver com questões não essenciais a salvação. As divergências se resumem em assuntos que embora sejam mais ou menos importantes, todavia não determinam a autenticidade da fé em Cristo. Como é o fato do cessacionismo, usos e costumes, credobatismo ou pedobatismo, dispensacionalismo, questões escatológicas, nuances soteriológicas como monergismo x sinergismo, organização eclesiástica e coisas deste tipo.
Objeção 3.
O padrão distorcido acerca da unidade que o argumento católico propõe.
Os católicos argumentam que os protestantes são divididos e diversos. No entanto como observado acima, há unidade doutrinária substancial entre as diferentes denominações protestantes. Todos concordam com a inspiração divina das Sagradas Escrituras, a doutrina da Santíssima Trindade, a encarnação do Filho de Deus, o nascimento virginal de Cristo, Sua morte expiatória e ressurreição corporal. Acreditamos na salvação pela graça mediante a fé em Cristo, enfatizando a necessidade de viver piedosamente e com amor fraternal. Todos também acreditamos na ressurreição, julgamento, céu e inferno. E além disso, há um genuíno senso de respeito e amor entre os protestantes, não importa qual seja o rótulo denominacional, somos cristãos antes de sermos batistas, presbiterianos, metodistas, pentecostais, e assim por diante.
Os distintivos das várias denominações protestantes, referem-se à questões teológicas como as doutrinas da graça, o governo da igreja, a administração dos sacramentos, os dons carismáticos, e escatologia (profecia). Não minimizamos a importância destas doutrinas, pois existem implicações práticas e espirituais significativas. No entanto, a crença ou não em um reino milenar terreno não exclui ninguém da igreja universal de Jesus Cristo. Crer ou não se Deus predestina ou não alguém pra ser salvo ou condenado ao inferno também não exclui ninguém da comunhão cristã. Aliás, estes mesmos pontos de vista foram predominantemente discutidos na igreja primitiva também.
Portanto como diz o presbiteriano Antônio Vitor Barreto....:
"Todos os protestantes, desde os presbiterianos e batistas como eu mesmo, e calvinistas assim como os pentecostais clássicos, defendemos a autoridade máxima das Escrituras, a Salvação pela Fé, a Salvação pela Graça, a Salvação somente por Cristo. Também cremos na Trindade e no conhecido "Credo Apostólico". Nós cremos que existem apenas 2 sacramentos (ou "ordenanças", como chamam os batistas), enquanto a ICAR defende 7 sacramentos.Além disso, ainda que muitos evangélicos não saibam, todos nós compartilhamos das resoluções de 2 dos primeiros grandes Concílios da igreja: somos Niceno-constantinopolitanos. Ou seja: subscrevemos a decisão do Primeiro Concílio de Nicéia e do Primeiro Concílio de Constantinopla. Eis a nossa unidade. Todos nós nos tratamos como irmãos, a despeito de divergências doutrinárias".
Ainda assim católicos mantém e insistem que protestantes sejam desunidos por não serem submetidos a uma autoridade dita infalível e organizados em uma estrutura monolítica. Contudo a julgar o sistema pelo seu fruto, podemos perceber que a Igreja Romana não é mais unida na fé e no amor do que o resto da cristandade inda mais se recorrermos ao conceito bíblico de “unidade”, onde o catolicismo de fato se perde sem qualquer vantagem real contra o protestantismo.
A Fábula da Unidade Católica
Existem facções, luta, inveja e discórdia entre os próprios católicos e isso há seculos, muito antes do protestantismo. Há rivalidade entre os diversos grupos, movimentos, associações e ordens dentro da própria Igreja Católica. O espectro vai desde as monjas do claustro e monges trapistas (que passam o tempo todo em silêncio), tem a Renovação Carismática, a Opus Dei, os Tradicionais, Liberais Católicos, Neo-catecúmenos, diversas ordens como Jesuítas, Franciscanos, Dominicanos, enfim, existem diferenças significativas entre os grupos católicos, especialmente entre as facções conservadoras e modernistas isso sem contar dezenas de placas todas se dizendo católicas mas divergindo em muita coisa. Se as divergências quer sejam doutrnárias ou operacionais são evidência de invalidade do protestantismo, a unidade católica então não passa de uma fábula.
Existem católicos que discordam entre si sobre questões como a suficiência material das Escrituras, a criação/evolução, os fenômenos carismáticos, se adoram o mesmo Deus como muçulmanos ou não, e assim por diante revelando uma enorme diversidade operacional e doutrinária que há no catolicismo. No campo doutrinário, a coisa se complica mais ainda entre grupos como agostinianos, capuccinos, cartuxos, jesuítas, carmelitas, clarissas, franciscanos, dominicanos, beneditinos, oratorianos, celestes, cistercienses, mercedários, servitas, concepcionistas, premonstratenses, trapistas, visitandinas, crúzios, escolápios, somascos, teatinos onde todos, sem exceção, mesmo nominalmente se dizendo católicos e tutelados por um mesmo magistério e hierarquia, divergem entre si.
Há questões mais controversas como por exemplo, o fato de que anteriormente se ensinava dogmaticamente que a salvação é limitada aos católicos enquanto que o Concílio Vaticano II ensina que as pessoas em outras denominações cristãs e de outras religiões também podem ser salvos.
O Concílio de Florença proclamou solenemente que :
" aqueles que não vivem dentro da Igreja Católica, não só pagãos, mas também judeus e hereges e cismáticos não podem se tornar participantes da vida eterna, mas irão partir para o fogo eterno, que foi preparado para o diabo e seus anjos "(Dezinger, página 230).
Agora compare essa afirmação com o ensino da moderna Igreja Católica:
"Todo o homem que, na ignorância do Evangelho de Cristo e da sua Igreja, procura a verdade e faz a vontade de Deus conforme o conhecimento que dela tem, pode salvar-se."(( II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes. 22: AAS 58 (1966) 1043; cf. In.. Const. dogm. Lumen Gentium, 16: AAS 57 (1965) 20; In. Decr. Ad gentes, 7: AAS 58 (1966)).).
Evidentemente, vemos ai uma enorme contradição em uma igreja que diz ser sempre a mesma. Mas, se Roma estava certa em Florença, então está errada agora. Mas se a igreja romana moderna esta certa, então estava errada no passado. De qualquer forma, isso mostra que o magistério católico não é infalível, como se afirma, porque muitas vezes se contradiz.
Além disso, nem toda declaração da Igreja Romana ou de suas autoridades são aceitas pelos católicos. Considere por exemplo a recente declaração do Papa Francisco:
“O Senhor redimiu a nós todos, a todos, pelo sangue de Cristo: todos nós, não apenas católicos. Todos! “Padre… os ateus também? Mesmo os ateus?” Todos!”
Fomos criados filhos à semelhança de Deus e o sangue de Cristo redimiu a nós todos! E todos temos o dever de fazer o bem. E esse mandamento para todos fazermos bem, penso ser um belo caminho para a paz. Se nós, cada um fazendo a sua parte, fizermos o bem uns aos outros, se nos encontrarmos lá, fazendo o bem, então iremos gradualmente criando uma cultura de encontro. Devemos nos encontrar na prática do bem. “Mas eu sou ateu, padre. Eu não creio…” “Faça o bem e nos encontraremos lá.
A carta do Papa Francisco pode ser vista aqui : (neste link)
Logo depois disso, o Vaticano corrige o Papa em resposta às matérias publicadas em sites e jornais. O Rev. Thomas Rosica, porta-voz do Vaticano, disse que pessoas que conhecem a Igreja Católica “não podem ser salvas” se “recusarem-se a entrar nela ou fazer parte dela”. ( visto aqui)
Católicos divergem e muito, até mesmo sobre as decisões do Vaticano II em relação a Judeus...
"Nós devemos expressar nosso completo desacordo com a Declaração do Vaticano II sobre os judeus... somos obrigados a rejeitá-la como insulto aos seguintes papas que decretaram Encíclicas, afirmações, e avisos contra os judeus: Honório III, Gregório IX, Inocêncio IV, Clemente IV, Gregório X, Nicolau III, Nicolau IV, João XXII, Urbano V, Martinho V, Eugênio IV, Calixto III, Paulo III, Júlio III, Paulo IV, Pio IV, Pio V, Gregório XIII, Sixto V, Clemente VIII, Paulo V, Urbano VIII, Alexandre VII, AlexandreVIII, Inocêncio XII, Clemente XI, Inocêncio XIII, Benedito XIII, Benedito XIV, Clemente XII, Clemente XIII, Pio VIII, Gregório XVI, Pio IX, Leão XIII, Pio X, Pio XI. O plano judeu contra nossa Santa Madre Igreja está chegando ao seu clímax pela sua penetração e influência entre o alto clero católico e dentro do Vaticano."
( St. Michael's News, A Publication of St. Michael's Legion, março de 1968, pp. 1-2).
Há hipocrisia até mesmo em relação ao trato com o Islã, católicos rejeitam e difamam até onde não se pode de todo modo, uma Bíblia Protestante ou sequer o diálogo. Enquanto isso, João Paulo II beija o Alcorão e afirma que mulçumaos e cristãos, servem a um mesmo Deus e ninguém fala nada.
De que existem disputas que se desenrolam há séculos no catolicismo, o Vitor Barreto ainda observa as que houveram entre:
- Franciscanos radicais x Franciscanos conventuais: isso gerou uma guerra onde os franciscanos radicais foram mortos.
- Franciscanos x Dominicanos: essa disputa se dava no campo filosófico. Os franciscanos tinham tendencias neoplatonicas e os dominicanos, tendências aristotélicas.
- Franciscanos x Jesuítas: os jesuítas foram expulsos do Brasil.
- Jesuítas x Jansenistas: os jansenistas foram sufocados pelos jesuítas.
- Tomistas x molinistas: a problemática a respeito da predestinação.
E ainda há a moderna disputa entre tridentinos e carismáticos a respeito da liturgia. Sem contar que há pouco mais de um século na ocasião da promulgação do dogma da infalibilidade papal, houve outro cisma na Igreja Romana onde divergências resultaram na fundação da Igreja Católica Antiga.
Houve ainda outros movimentos que surgiram, duraram um certo tempo e depois foram descartados. Todos surgidos dentro do catolicismo como observou o Vitor ao lembrar dos quietistas e flagelantes.
Os flagelantes eram um grupo de cerca de 300 pessoas que faziam procissões de cidade em cidade chicoteando a si mesmas em público em busca de méritos diante de Deus. Com o tempo, Roma proibiu e só passou a permitir a autoflagelação dentro dos conventos e monastérios. Cada uma dessas ordens ainda possui práticas devocionais específicas, práticas penitenciais específicas e práticas meditativas também, com opiniões diferentes em relação ao papel da pobreza, como é o caso das ordens mendicantes.
A história da igreja nos mostra muito mais que isso, como quando observamos que a Igreja Ortodoxa Oriental nunca aceitou as doutrinas de Agostinho, tendo preferido Orígenes e ainda manteve diversas outras desavenças com Roma quanto as cruzadas, a doutrina da trindade, imagens, jurisdição romana, sendo que ainda nem haviam se separado de Roma.
Portanto tudo isso revela que há muito tempo já existiam divisões internas no cristianismo.
É claro que os católicos não admitem que há divergências entre eles e sempre afirmam que são todos unidos na fé católica, porém, as diferenças entre eles são tão reais, e ainda maiores do que entre as denominações evangélicas.
Não faz muito tempo, logo depois das declarações do Papa Francisco sobre homossexuais e ateus, que o Olavo de Carvalho, católico tradicionalista, fez até uma breve menção acerca disso, e relacionou o fato, com uma certa profecia do século 19 de N.Senhora de La Sallett, que afirma:
"Roma perderá a fé, e se tornará a sede do Anticristo".
Profecia verdadeira ou não, o fato é que os católicos divergem até mesmo nisso, não faz muito tempo, e o Cris Macabeus, um militante católico e blogueiro apologista, afirmou poder me provar que a profecia é falsa, porém, o Olavo não pensa assim, nem ele, como também no mínimo uns 200 sites católicos que afirmam ser a profecia, verdadeira.
E por falar em Cris Macabeus, tenho outro exemplo sobre divergência católica. O blogueiro que também faz parte da equipe CaiaFarsa, jura e defende que o livro de Apocalipse foi escrito antes do ano 70dC. Acontece que, a Igeja Romana, não se manifesta sobre a datação do livro, a não ser que queira entrar em contradição, pois afirma que Santo Antipas, foi morto no reinado do Imperador Domiciano. E o que tem haver Santo Antipas com essa conversa?? Bom, tudo! Ora pois, Domiciano reinou por volta de 84 a 96dC.
Preciso dizer mais alguma coisa para demonstrar as contradições? Ok, pra não deixar dúvidas, observe:
“Sei onde você vive, onde está o trono de Satanás. Contudo, você permanece fiel ao meu nome e não renunciou à sua fé em mim, nem mesmo quando Antipas, minha fiel testemunha, foi morto nessa cidade, onde Satanás habita”
(Apocalipse 2:13)
Vejam que essa declaração no livro de Apocalipse citando Antipas martirizado em Pérgamo, fornece uma das maiores evidências de que o livro foi escrito depois do ano 70dC. Agora vejam essa declaração da Igreja Romana:
“Santo Antipas, o Bispo de Pérgamo, martirizado sob imperador Domiciano” (New Advent)
Então por que a contradição? Ora, devido a heresia sobre a Assunção de Maria. Como assim? Explico.
Segundo a tradição, Maria morreu com cerca de 72 anos de idade. Ou seja, morreu cerca de 12 anos antes da destruição do templo de Jerusalém, e mais longe ainda da datação correta do livro de Apocalipse que seria por volta de 94 a 96 d.C. Portanto, os maiores esforços são feitos para sustentar a versão de que João escreveu o Apocalipse antes do ano 70, pois se ele escreveu depois. Então o capitulo 12 de sua carta das revelações, não pode estar se referindo a Maria por pura questão de lógica. Já que se trata das coisas que ainda irão acontecer.
Ainda nesse tema, as contradições se seguem principalmente quando se trata da fonte de tal relato sobre a Assunção de Maria. A fonte é um livro apócrifo, condenado pelo Decreto Gelasiano, porém, o mesmo Decreto Gelasiano, assinado se não me engano por 3 papas, é usado para sustentar que os apócrifos do VT, não são apócrifos. É cada contradição, uma mais cabeluda que a outra. Mas isso não invalida o catolicismo, afinal... eles podem ter isso não é mesmo??
Poderiamos citar muitas outras contradições entre os católicos que violam seu próprio padrão de unidade. Devido serem muito previsíveis, obviamente após lerem um artigo sobre as supostas 30 mil denominações protestantes que na verdade não chegam a 30, e após serem confrontados com a verdade de que isso também é coisa do meio deles, irão dizer que trata-se apenas de "diversidade dentro da unidade católica" e que todos estes grupos mesmo tendo opiniões e conceitos diferentes uns dos outros, são todos católicos e unidos sob a liderança do Papa. A isto também confrontamos e respondemos validamente que apesar da nossa diversidade, as muitas denominações evangélicas são todas cristãs e unidas sob a liderança de Cristo.
Então, ao invés dos católicos se preocuparem com o cisco no nosso olho, deveriam tratar da lasca de lenha encravada no olho deles. Afinal, hipocrisia, não é coisa de cristão. Pode ser coisa de fariseu, mas não de cristão. E por falar em fariseus, lembremos da época de quando Jesus esteve na palestina, Ele conviveu numa época onde havia diversos tipos de denominações entre os judeus: saduceus, fariseus, herodianos, zelotes, essênios. Porém, não existe NENHUMA, sequer UMA crítica a essa divisão por parte do Senhor Jesus em todos os Evangelhos. Nesse ponto, não importa se os nomes das placas são diferentes; importa se o Evangelho é pregado em sua forma mais pura.
Em parte alguma, Cristo determinou que diferentes denominações seriam prova de inautenticidade, pois o que Ele prezava é que as diferentes denominações não tivessem ERROS DOUTRINÁRIOS para com as Escrituras, principalmente que não tivessem diferenças que viessem a corromper o fundamento... e esse é justamente o ponto onde a Igreja de Roma erra, preocupando-se somente com o nome da placa. Matam-se os mosquitos, mas dá-se passagem a diversos camelos.
Quanto a suposta unidade católica:
I- A SUPOSTA UNIDADE DO CATOLICISMO ROMANO NÃO PASSA DE UMA ENGENHOSA E MAL FADADA FÁBULA, pessimamente propagada se tomarmos como critério a mesma analise que fazem do protestantismo. Embora todas as genuínas denominações protestantes mantenham comunhão entre si e confessem as mesmas doutrinas fundamentais, ainda assim, a falaciosidade dos romanistas nos acusa de divisão devido nossa diversidade denominacional e divergências operacionais. Tamanha falácia já foi refutada acima.
Comprova-se isto, no simples fato de que existem diversas facções, lutas, inveja e discórdia entre os próprios católicos há séculos, isso muito antes do protestantismo. Há rivalidade entre os diversos grupos, movimentos, associações e ordens dentro da própria Igreja Católica. São dezenas de Igrejas Católicas, ordens e ritos operacionais divergentes uns dos outros. O espectro vai desde:
- Monjas do claustro e monges trapistas (que passam o tempo todo em silêncio);
- Renovação Carismática;
- Opus Dei;
- Tradicionais;
- Liberais Católicos:
- Neo-catecúmenos;
- Jesuitas;
- Franciscanos;
- Dominicanos;
- Agostinianos;
- Capuccinos;
- Cartuxos;
- Carmelitas;
- Clarissas;
- Beneditinos;
- Oratorianos;
- Celestes;
- Cistercienses;
- Mercedários;
- Servitas;
- Concepcionistas;
- Premonstratenses;
- Trapistas;
- Visitandinas;
- Crúzios;
- Escolápios;
- Somascos;
- Teatinos;
II- Além destas diferentes ordens acima, todas com significativas diversidades, há ainda diversas Igrejas que são católicas romanas, mas diferem em seus ritos umas das outras da mesma forma que na questão operacional, o protestantismo tem diversas igrejas que diferem umas das outras.
Por exemplo, a Igreja Católica de Milão segue o rito ambrosiano, difere de todas as outras igrejas católicas em coisas como forma de realizar missa, Ano Litúrgico onde a Quaresma começa quatro dias depois da Romana, logo não tem a Quarta-feira de Cinzas e o Carnaval continua até o sábado. O Batismo também é realizado de forma diferente, não se usa a ablução mas a imersão da cabeça no Batismo de crianças. Ao todo são mais de 20 diferenças com o rito oficial da Igreja Romana que não é praticado pela Arquidiocese de Milão que por sua vez, também difere da Arquidiocese de Braga em Portugal, que não segue nem o rito de Milão, nem o de Roma, e muito menos do da Igreja Católica de Lion, na França, que segue um rito celta desde o século IX. Estas por sua vez, diferem uma das outras em sua forma operacional, de mais outra Igreja Católica, a Arquidiocese de Toledo na Espanha, que segue o mesmo rito adotado por uma Igreja Anglicana da Espanha, a Igreja Espanhola Reformada Episcopal, trata-se do rito moçarabe. Estas por sua vez diferem no ocidente de Igrejas que seguem a ritualística dos Cartuxos, e do Rito Anglicano, praticado por Igrejas que antes eram Anglicanas principalmente nos EUA e que se submeteram a Igreja Romana.
Todas essas acima, são literalmente denominações do catolicismo romano, todas com diferenças operacionais, há ainda outras tantas diferentes destas no rito dito oriental, como tradição litúrgica alexandrina, antioquiana, maronita, siríaca, armênia, bizantina e caldeia São mais de 20:
- Igreja Católica Copta
- Igreja Católica Eritrea
- Igreja Católica Etíope
- Igreja Maronita
- Rito litúrgico siríaco
- Igreja Católica Siro-Malancar
- Igreja Católica Siríaca
- Tradição Litúrgica Arménia
- Igreja Católica Arménia
- Igreja Greco-Católica Ucraniana
- Igreja Católica Bizantina Bielorrussa
- Igreja Católica Bizantina Albanesa
- Igreja Católica Bizantina Eslovaca
- Igreja Católica Bizantina Húngara
- Igreja Católica Bizantina Rutena
- Igreja Greco-Católica Croata
- Igreja Greco-Católica Romena
- Igreja Greco-Católica Melquita
- Igreja Católica Bizantina Grega
- Igreja Católica Búlgara
- Igreja Católica Bizantina Russa
- Igreja Greco-Católica Macedónica
- Igreja Católica Ítalo-Albanesa
- Igreja Católica Caldeia
- Igreja Católica Siro-Malabar
Vejam que existem diferenças significativas entre os grupos católicos, igrejas católicas, ritos católicos, ordens católicas, especialmente entre as facções conservadoras e modernistas isso sem contar que essas dezenas de divisões católicas todas vem divergindo em muita coisa com diversas diferenças operacionais. Mas segundo os católicos, nós protestantes é que somos desunidos por termos essas mesmas divergências operacionais? Como podem ser tão lesados com uma objeção ridícula como esta que na verdade também implica em praticamente invalidar sua suposta unidade?
Portanto aquilo que nos apontam vem ocorrendo no mesmo nível entre eles, neste site católico ( aqui ), uma catequista ainda nos mostra mais outras tantas divisões do catolicismo, no mesmo nível que no protestantismo no quesito divergência operacional. Então, é necessário que os católicos entendam que divergência operacional, jamais significa o mesmo que divisão doutrinaria, se assim for, mais uma vez repito que: A UNIDADE CATÓLICA ROMANA, não passa de uma fábula.
Quanto a diversidade protestante:
I - O argumento católico sobre as denominações protestantes ainda se baseia num tipo de objeção sustentada pela análise do número de congregações em diferentes áreas, considerando-se como uma igreja cristã autônoma distinta de outras denominações, igrejas e tradições. Ora, da mesma forma existem milhares de centros congregacionais do catolicismo romano espalhados por todo o mundo, todos com nomes diferentes. Numa mesma cidade podemos encontrar diversas igrejas católicas além da denominada Igreja Matriz. Os imóveis eclesiásticos do catolicismo romano diferem entre paróquias, mosteiros, basílicas e outros mais, todos com o nome diferente, acaso isso é significado de que existem milhares de denominações católicas diferentes umas das outras? Um sinal de diversidade que invalide sua alegação de unidade?
II - É necessário observar que muitas das ditas "denominações protestantes" apontadas pelos romanistas sequer tem qualquer vínculo histórico ou doutrinal com o protestantismo e por isso é de uma extrema desonestidade e arrogância polêmica querer misturar todos no mesmo movimento protestante iniciado no século 16 e dizer que certas Igrejas são as genuínas herdeiras da reforma. Se tal alegação de generalização tiver validade, podemos então afirmar que igrejas como a ICAB (Igreja Católica Apostólica Brasileira), Veteros Católicos e outros grupos também invalidam a unidade católica romana, pois esses grupos se dizem católicos.
III - Não há qualquer fonte acadêmica que possa ser usada para sustentar a existência de 50 mil denominações protestantes, muito menos que mais de 1000 denominações divergem entre si doutrinariamente em questões fundamentais. Isso é um mero palpite católico romano, com a mesma validade que dizer que macumbeiros e kardecistas sejam católicos romanos por terem ambos as mesmas práticas como o uso de imagens e a crença no contato com pessoas desencarnadas. Na verdade a analise de 50 mil denominações sendo protestantes já refuta a ideia de divergência doutrinaria. Pois, como se chegou a evidência de que sejam todas protestantes? Não foi por analisar pontos em comum e ideias centrais que definem todas como protestantes? Sendo assim, como podem afirmar que todas são divergentes? Como podem afirmar que mesmo sendo divergentes, são protestantes, ou no caso, como podem afirmar que tal analise supostamente válida, seja evidência que corrobore a alegação de desunião simplesmente por haver uma aparente diversidade?
IV - A World Christian Encyclopedia, de David A. Barrett - publicada pela Oxford University Press, em 1982 e 2001 calcula cerca de 33 mil denominações cristãs divididas nos seis blocos ou ramos da cristandade. Essa é a unica fonte acadêmica que calcula um numero de denominações no mundo todo, contudo, não afirma que tal numero seja apenas de protestantes. Essa contabilidade são de denominações católicas, ortodoxas, anglicanas, protestantes, grupos independentes neo-pentecostais e pentecostais. De acordo com a Enciclopédia Cristã Mundial de Barrett, o mundo cristão consiste em 6 grandes blocos eclesiástico-cultural, divididos em 300 grandes tradições, composto por mais de 33.000 denominações distintas em 238 países. Portanto, onde o católico foi buscar esse numero de 50 mil denominações protestantes?
Se a conta for feita pelo numero de centros congregacionais, então podem aumentar o numero, pois só a Batista do Sul nos EUA tem mais de 40 mil, contudo como denominação confessional, conta-se como UMA DENOMINAÇÃO e não 40 mil. Com base na WCE que contabiliza as diversas denominações, podemos admitir cerca de no máximo, não mais que 30 confissões ou tradições, no caso ramos do protestantismo que constituem cerca de 9 mil denominações genuinamente protestantes em todo o mundo, excluindo dessa conta os anglicanos, e grupos neo-pentecostais independentes, e também seitas como Testemunhas de Jeová, Mórmons, e outros grupos sem qualquer vínculo com confissões ortodoxas da cristandade, que seriam aquelas que subscrevem as resoluções do cristianismo primitivo como as tomadas pelos concílios niceno-constantinopolitano.
Dentre as confissões, ou tradições, no caso, ramos do protestantismo, e em cada ramo suas representações operacionais distintas, no Brasil e no mundo temos: Luteranos, Presbiterianos, Congregacionais, Metodistas, Batistas, e o protestantismo de orientação pentecostal representado pelos assembleianos e quadrangulares e o denominado protestantismo restauracionista, representado pelos adventistas. Contudo, no máximo 8 grupos principais, ao menos no Brasil que ampliamos para no máximo 9 mil contando as representações a partir dessas confissões principais.
Qual a divergência entre estas denominações? Questões operacionais apenas, assim como as igrejas no inicio da era cristã, nenhum conflito doutrinário fundamental com exceção dos Adventistas que infelizmente, eles mesmos se consideram como uma Igreja exclusiva, ou seja, são como as seitas Tjs e o próprio catolicismo romano, contudo eu os citei como protestantes pois assim eles são contabilizados nos dados da WCE.
V - Quanto as principais crenças que definem um cristão protestante, não há divergência alguma. Todos os supra-citados concordam no que compete a:
- Divindade de Cristo, Jesus é Deus, mas não o Pai nem o Espirito Santo;
- Humanidade de Cristo, Jesus é 100% homem, nascido da virgem Maria;
- Personalidade e Divindade do Espírito Santo, o Espirito Santo é Deus, mas não é o Pai nem o Filho;
- O Pai é Deus, perfeitamente bom que em santo amor criou, sustenta e governa todas as coisas;
- Autoridade, Inspiração divina e suficiência das Escrituras;
- Suficiência de Cristo quanto a nossa salvação;
- Juízo Final, Condenação dos ímpios;
- Vida Eterna dos salvos e remidos em Cristo;
- Necessidade do Batismo;
- Igreja como organismo e não como organização, católica como corpo de Cristo composto por todos os cristãos, de todas as eras, lugares, raças, povos, e denominações que mantém a ortodoxia do evangelho e o depósito da doutrina apostólica como exposto no Novo Testamento.
- Existência de Anjos e Demônios;
- Arrebatamento;
- Culto exclusivo a Deus;
- Canon de 66 livros da Bíblia;
- Pecado original;
- Importância da Ceia ministrada aos membros;
- Sacrifício de Cristo na Cruz em nosso resgate pra nos salvar, libertar, lavar, batizar, confirmar e nos levar pro céu.
Essas são as doutrinas fundamentais que todo protestante professa. Onde os católicos foram buscar milhares de doutrinas? Estas acima são as convicções baseadas no sola scriptura que todo protestante confirma como sua fé, seja ele Batista, ou Presbiteriano, Pentecostal ou Metodista.
Portanto é pura desonestidade querer empurrar adeptos do mormonismo, russelismo e gnosticismo como protestantes, pois estes não consideram o sola scriptura de fato e verdade. Na verdade sequer consideram os genuínos protestantes como cristãos, são exclusivistas tanto quanto a Igreja de Roma e assim como ela, fazem de sua organização seu verdadeiro guia infalível, e não as escrituras, assim como também negam e conflitam com diversos pontos fundamentais acima como a divindade de Cristo.
Nisso é importante lembrar um documento primitivo muito importante sobre o que define uma igreja como cristã. Trata-se do Édito de Tessalônica do ano 381. Nele se diz oficialmente que : "de acordo com a disciplina apostólica e a doutrina evangélica, que há um Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, em igual Majestade e uma santa Trindade. Ordenamos que aqueles que seguem esta doutrina recebam o título de Cristãos Católicos, mas os outros, nós os julgamos serem loucos e delirantes e dignos da desgraça resultante do ensinamento herético, e as suas assembleias não são dignas de receber o nome de igrejas"[Dado na terceira calenda de março em Tessalônica, Graciano e Teodósio sendo cônsules].
Quanto a isso, as igrejas protestantes não tem o que discordar, assim como não discordam de nenhum dos 17 pontos citados acima. Para além disso, a maioria das divergências entre protestantes, estão relacionadas com questões não essenciais a salvação. Divergem entre coisas que embora sejam mais ou menos importantes, todavia não determinam a autenticidade da fé em Cristo como e é o fato do falar em linguás, usos e costumes, credobatismo e pedobatismo, organização eclesiástica e coisas deste tipo que sempre houveram desde o inicio da igreja houve jamais indicaram desunião entre as igrejas.
VI - Os distintivos das várias denominações protestantes, referem-se à questões teológicas como as doutrinas da graça, o governo da igreja, a administração dos sacramentos, os dons carismáticos, e escatologia (profecia). Não minimizamos a importância destas doutrinas, pois existem implicações práticas e espirituais significativas. No entanto, a crença ou não em um reino milenar terreno não exclui ninguém da igreja universal de Jesus Cristo. Crer ou não se Deus predestina ou não alguém pra ser salvo ou condenado ao inferno também não exclui ninguém da comunhão cristã. Aliás, estes mesmos pontos de vista foram predominantemente discutidos na igreja primitiva também.
VII - Todos os protestantes, desde os presbiterianos, batistas e calvinistas assim como os pentecostais clássicos, defendemos a autoridade máxima das Escrituras, a Salvação pela Fé, a Salvação pela Graça, a Salvação somente por Cristo. Também cremos na Trindade e no conhecido "Credo Apostólico". Nós cremos que existem apenas 2 sacramentos (ou "ordenanças", como chamam os batistas), enquanto a ICAR defende 7 sacramentos. Além disso, todos nós compartilhamos das resoluções de 2 dos primeiros grandes Concílios da igreja: somos Niceno-constantinopolitanos. Ou seja: subscrevemos a decisão do Primeiro Concílio de Nicéia e do Primeiro Concílio de Constantinopla. Eis a nossa unidade. Todos nós nos tratamos como irmãos, a despeito de divergências doutrinárias.
Portanto, repito, se ainda assim os católicos mantém e insistem que protestantes sejam desunidos por não serem submetidos a uma autoridade dita infalível e organizados em uma estrutura monolítica, então, a julgar o sistema pelo seu fruto, podemos perceber que a Igreja Romana não é mais unida na fé e no amor do que o resto da cristandade e sua unidade de fato não passa de uma fábula.
Conclusão apologética
Opiniões e diferenças operacionais, nem de longe são evidência de erro. Se assim for, o que se torna a unidade católica?? Ora, uma fábula. A Inquisição por exemplo era considerada divina a seu tempo e até hoje alguns defendem que existiu e foi necessária e que só matou os hereges cátaros, outros consideram que foi ignorância, e outros ainda que nunca houve uma, e outros fazem pior, se pudessem fariam outra em pleno século 21, como os "Cruzados Católicos"(da pagina no facebook).
As ordens de padres também, têm, cada uma, estilos de vida próprios e ensinos de santidade diferentes, como os franciscanos, os dominicanos, os adeptos da Tradição, Família e Propriedade (que negam a submissão ao papa), a Renovação Carismática (que para muitos padres ainda é mal vista e tratada como facção). E mesmo assim, tudo isso é chamado de unidade. A mentira não poderia ser maior.
Portanto católicos, a aparente unidade da Igreja Católica Romana que vocês alegam, é pura ilusão. A suposta união que há, é no que se refere a estrutura e organização, mas há divisões sérias em todos os níveis. Ademais, se levarmos o critério romanistas de unidade para a igreja antiga, acabamos por declarar a cristandade dividida já que desde a era de Orígenes, já se apontava que o cristianismo era dividido e a unica coisa que os cristãos não discordavam era no nome, mas por vergonha.
Quanto a nós protestantes, podemos não ser todos organizados em uma estrutura monolítica, e em um sistema dito infalível de interpretação, mas temos verdadeira união no que compete a VERDADE de que:
FORA DE CRISTO NÃO HÁ SALVAÇÃO.
É também falsa a afirmação de que cada igreja evangélica, se diz deter a verdade. Essa arrogância só há em seitas aberrantes como russellitas e mórmons, ou no próprio catolicismo. E também é falsa a acusação de que temos milhares de interpretações divergentes e particulares. O pecado de ter interpretação particular, recai sobre a igreja romana, que se diz ser a única com autoridade para interpretar as escrituras, mesmo diante de tantas contradições doutrinárias.
Nota: Informações precisas sobre a quantidade de denominações cristãs no mundo podem ser encontradas, no Banco de dados do Centro de Estudos Globais para o Cristianismo.